Onde começa e termina cada um? Onde está o equilíbrio entre ambos?
Em praticamente 7 meses de duração da pandemia no Brasil, muito vem se estudando, projetando, falando e fazendo com o objetivo de se construir um caminho de soluções para todos os níveis de nossas vidas. Para todos os campos do conhecimento. Para a psique e alma humanas. Certeza é a palavra mais frágil a ser pronunciada em nossos dias. Cabe a essa altura praticarmos o que prega a sabedoria universal: ouvir e fazer perguntas muito mais do que afirmar. É o que exercitamos neste primeiro artigo assinado pela QDI.
Vamos à razão de existir de nosso negócio: os espaços para se morar e trabalhar. Em que estão se transformando? Os especialistas já estão seguros em apontar o que pessoas e empresas precisam para encontrar o equilíbrio entre vida pessoal e profissional? Afinal, qual é esse ponto de equilíbrio? A brutalidade da adaptação pôs à prova as capacidades emocionais, intelectuais, cognitivas e pragmáticas de todos, sem distinção de idade, gênero e classe social. A força do movimento ainda está sendo desvendada em seus efeitos, o que vai demandar tempo até que se consiga estabelecer as novas dinâmicas de trabalho, bem como as configurações dos espaços que deverão abrigar profissionais e suas famílias. As plantas dos empreendimentos e seus diferenciais conseguirão atender a todos? Mais importante ainda: o setor da construção dará conta de desenvolver soluções que prezem pelo bem-estar e pela produtividade ao mesmo tempo? Um desafio e tanto, não?
Como determinar a infraestrutura mais eficiente a ser instalada em todo o empreendimento, sem que nenhuma necessidade deixe de ser atendida? Comodidades serão sacrificadas? A que custo? Com o fim dos limites de espaço e de tempo dedicados à casa e ao trabalho, quem pode fazer afirmações é a ciência do comportamento: se por um lado o desgaste físico é menor com a diminuição drástica dos deslocamentos, por outro demora-se muito mais para voltar a um estado de relaxamento. Resultado de trabalhar em meio à rotina familiar sem disciplinar a vez de cada coisa.
Não obstante a resiliência das marcas no âmbito corporativo, o marketing e a comunicação dos produtos imobiliários enfrentarão uma jornada ainda mais extenuante. Os apelos de venda serão outros, totalmente diferentes em sua essência? O olhar de quem compra para morar ou investir vai mudar sua lente para um foco no balanço entre home e office? Essas expressões ficarão desgastadas em pouco tempo? Qual será a leitura de seus benefícios?
Um pouco mais de reflexão e logo se percebe que um agente de extrema importância precisa ser trazido a este cenário: o poder público. Em meio a tantas urgências, é imperativo que a política atue na sistematização de uma nova realidade. Leis, diretrizes e planos de urbanização, construção e crescimento das cidades poderão ser ajustados. Mas em que medida? Em quanto tempo? Para atender a quais objetivos?
Endereços e mobilidade: há alguma maneira do setor de incorporação desenvolver ainda mais sua competência em tratar a localização como o maior bem num imóvel? Para aquelas empresas que já atuam com uma quase obsessão em garimpar o melhor lugar, o que mais pode ser feito? Como combinar cidade, bairro, rua e transporte com a qualidade dos projetos para facilitar e aliviar o dia a dia das novas relações entre famílias e corporações?
Nesse complexo desafio, quem ditará o ritmo das prioridades: os empreendimentos corporativos ou os residenciais? Não é prudente que os dois lados sentem para conversar na mesma mesa? Ainda que de máscara?